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Atenção
Interessante pensar na relativização de quem considera que somos um grão de areia no meio do Universo.
Levando em conta a vastidão do espaço sideral, percebemos que somos mesmo muito pequenos.
O CEARÁ...
... de belas paisagens conhecidas mundo afora é a “praia” onde muitos grãos de areia, no sentido real e no sentido conotativo, circulam, levados pelo vento, que fica mais forte em agosto, mês em que chegamos a Majorlândia, praia de Aracati, distante 135 km de Fortaleza.
Âncora 1
Queríamos saber mais sobre as garrafas de areia colorida: pequenos grãos de areia que juntos fazem uma arte encantadora.
Âncora 2
... e falar sobre uma pessoa: Dona Joana Andrade, que já dominava a arte de fazer labirinto, espécie de tecido de renda, também muito difundido no Ceará.
Se as garrafas de areia colorida não nasceram em Majorlândia, foi lá que elas tomaram a forma como são conhecidas hoje em dia no mundo todo.
Para falar sobre esse artesanato, tínhamos que estar naquele local...
Âncora 3
No começo, elas eram compostas apenas de grãos de areia colhidos diretamente das praias, dispostos tom sobre tom, havendo limitação de tonalidade, já que as cores variavam entre amarelo, laranja, telha e vermelho.
Âncora 4
Dona Joana, então, decidiu inovar, conforme relata seu neto Alberto Freitas, também artesão de garrafas de areia colorida.
Com o tempo, a minha avó começou a fazer essas [garrafas de] areias. Ela pilava o barro com uma pedrazinha numa quenguinha de coco. Quando não tinha uma areia preta, ela pegava o carvão, misturava, e fazia o preto. Para fazer um tom verde, ela pegava o lodo e misturava com a areia. E aí ela foi montando as garrafas com cores diferentes que não tinham nas originais, que eram das dunas.
Artesão Alberto Freitas
Âncora 5
A vida de Alberto se mistura aos grãos que compõem cada garrafa de areia colorida que ele produz. Descendente da mulher que inovou nessa prática artesanal, Alberto iniciou-se na arte ainda criança.
Embora Dona Joana tenha morrido quando o artesão era muito novo, os filhos dela absorveram a prática difundida pela matriarca. Esses filhos, então, repassaram aos netos de Joana, dentre eles, Alberto.
São grãos de areia levados pelo vento do tempo, passando de geração em geração.
Âncora 6
Âncora 7
Em um domingo de manhã, o artesão nos recebe em sua casa. Tudo no ambiente era muito característico de um lar de um artesão localizado no litoral.
Logo na entrada, talvez a primeira visão que o visitante tenha é de uma parede pintada reproduzindo o fundo do mar, com criaturas marinhas que vivem ou passeiam nos mares de Majorlândia.
Um grande quintal com areia da praia circundava uma piscina. Havia muitas cores naquele espaço, muita coisa alegre, viva. Um balanço pendia de um galho de árvore em que estavam pregadas placas com dizeres de “amor” e “gratidão”.
Âncora 8
E em um canto, uma mesa expunha as obras do artista: garrafas de variados tamanhos, cheias de areias de variadas cores, retratando variadas paisagens. Mais adiante, o local de trabalho.
Podemos ver potes com grãos de muitas cores, de tons pastéis aos mais quentes. Na mesma mesa, ferramentas que ajudam o artista a dar formas àqueles grãos.
Sentado na varanda, Alberto fala com a propriedade de quem passou uma vida envolvido com a arte. Reunidos ali, ouvíamos atentamente sobre como a história das garrafas de areia colorida se mistura com a história de Majorlândia e daquelas pessoas simples.
Âncora 9
Enquanto deixávamos as cores dos grãos tomarem nossa imaginação, era possível ainda suspirar com a vista do mar azul ali mesmo daquela varanda: a casa de Alberto ficava em cima de um morro, dando uma vista e ventos privilegiados a quem estivesse no local.
Orgulhoso da avó que revolucionou a arte das garrafas, Alberto conta ainda outra inovação que Dona Joana deixou de legado.
Âncora 10
“Ela fazia só tom sobre tom. Um certo dia, uma das garrafas que ela estava fazendo tombou, virou. Aí a areia ficou semelhante a uma paisagem. Então veio na mente dela que ela poderia fazer paisagens com a areia colorida. Ela pegou um palito de coqueiro, e começou, dentro da areia, a colocar uma cor sobre outra, tentando dar formas de casa, de coqueiro, de jangadas, que são típicos do litoral cearense. O meu tio Toinho percebeu que a mãe dele precisava de ferramentas. Então ele pegou um arame de cobre, afinou a pontinha, e fez um estiletezinho para ela começar a desenhar na areia, como se fosse um pincel”, revela.
Artesão Alberto Freitas
Âncora 11
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